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ATUALIZAÇÕES SOBRE O SETOR

Publicado em 26/03/2024


BALANÇO JAN/2024


As exportações brasileiras de rochas ornamentais estão evidenciando uma tendência de queda. Recuaram em 2022, em 2023 e deverão ainda recuar em 2024, caminhando para um patamar inferior a US$ 1 bilhão. Esta tendência não será revertida caso mantido o perfil das exportações, ainda calcado em blocos e chapas. A nova fronteira de agregação de valor é a comercialização de produtos acabados, para atendimento direto de grandes obras no mercado internacional.

Mesmo com chapas de maior valor – quartzitos, mármores, pegmatitos e outras rochas exóticas –, não é possível lograr avanços significativos no faturamento das exportações. A razão é simples e já atestada pela expressiva queda das exportações de chapas em 2022 e 2023: o mercado das chapas mais valorizadas é muito inferior ao das rochas comuns ou de batalha, que perderam sua economicidade após a pandemia e determinaram o fechamento de dezenas de pedreiras em todo o Brasil.

Concorreram para esse processo o notável crescimento mais recente da produção e comercialização de materiais artificiais e porcelanatos, reduzindo a fatia do mercado de chapas dos materiais naturais. É preciso urgentemente adequar nossos programas de promoção das exportações a esse novo cenário do setor de rochas ornamentais, caso queiramos permanecer no grupo dos grandes players mundiais e não desperdiçar a vantagem de nossa excepcional geodiversidade.

Desde 2016 esta percepção foi incorporada pela ABIROCHAS ao programa de ações centradas na “terceira onda exportadora”, de produtos acabados, desenvolvido com apoio da ApexBrasil até 2020, e então descontinuado.

Esse cenário pode ser melhor compreendido através do relatório Balanço do Setor Brasileiro de Rochas Ornamentais e de Revestimentos em 2023, a seguir apresentado.


Situação Brasileira


(1 Dados das exportações e importações brasileiras de rochas ornamentais obtidos a partir da base COMEX STAT, do Ministério da Economia. Dados das exportações e importações internacionais obtidos a partir da base UN Comtrade, organizados pelo Trade Map - Trade statistics for international business development. Dados acessados em 24 de janeiro de 2024, referentes a 2022 (última posição disponível). Dados das exportações e importações internacionais também consultados em MONTANI, Carlo. XXXIII Rapporto marmo e pietre nel mondo 2022. Carrara, IT: Aldus Casa di Edizioni in Carrara, 2022, 329 p.)


Produção


Pelo perfil de suas atividades de lavra, pulverizadas em centenas de frentes de trabalho, algumas informais ou com extração intermitente, a produção brasileira de rochas ornamentais e de revestimento tem sido calculada apenas em bases estimativas e através de informações indiretas, compiladas de marmoristas, serradores, mineradores, exportadores e fornecedores de outros insumos para a construção civil. Em 2023 foram percebidas a redução da produção voltada para atendimento do mercado externo e uma aparente ampliação da produção destinada ao mercado interno. Pode-se também referir a paralisação de várias frentes de lavra de granitos homogêneos no Espírito Santo, especialmente na porção noroeste do estado; a ampliação e diversificação da produção baiana, sobretudo de quartzitos maciços e quartzo, além de mármores; e o desenvolvimento de uma nova e importante fronteira de produção de mármores na região Centro-Oeste do Brasil.


Considerando-se tais variáveis analíticas, fica sugerido que a produção brasileira se manteve no patamar de 10 Mt em 2023, o mesmo de 2022 e apenas ligeiramente inferior ao de 2021. Reitera-se que a produção constante dos relatórios anuais de lavra (RALs), elaborados para a Agência Nacional de Mineração (ANM) por empresas formais, é sempre inferior ou até muito inferior à produção brasileira real de rochas ornamentais e de revestimento.


Exportações


As exportações brasileiras somaram US$ 1.112,2 milhões e 1,82 Mt em 2023, com recuo de respectivamente 13,42% e 13,15% frente a 2022. Em relação a 2021, esse faturamento recuou 17%, ficando no mesmo patamar de 2007 (US$ 1.093 milhões) e depois de atingir US$ 1.302 milhões já em 2013. Refere-se que a participação do faturamento das exportações de rochas, no total das exportações brasileiras, recuou de 0,48% em 2021 para 0,32% em 2023.

O perfil dessas exportações, ainda calcado em blocos (23% do faturamento e 47% do volume físico) e chapas (77% do faturamento e 53% do volume físico), não permitirá elevações significativas do faturamento, mesmo com maior participação de rochas mais valorizadas como quartzitos, quartzo, rochas silicáticas exóticas e mármores brancos de massa fina. A escalada de conflitos geopolíticos regionais e seu impacto nos custos de produção e transporte, não permitiram a recuperação das exportações de rochas em 2023 e sequer permitirão em 2024. Isto, mesmo com uma eventual desaceleração da produção e comércio internacional dos diversos materiais artificiais de revestimento, pelo problema da silicose.

O faturamento anual das exportações brasileiras de rochas evoluiu de US$ 200 milhões em 1998 para um patamar superior a US$ 1,1 bilhão em 2023, após ter atingido US$ 1 bilhão já em 2006, US$ 1,3 bilhão em 2013 e o recorde de US$ 1,34 bilhão em 2021. Observa-se que o desempenho dessas exportações é atrelado à participação de rochas processadas em chapas, com pequena expressão do faturamento com a comercialização de rochas brutas (blocos), tanto silicáticas quanto carbonáticas. A faixa de oscilação do faturamento em US$, a partir de 2006, não permite projetar uma ampliação consistente de exportações calcadas em blocos e sequer em chapas, mesmo havendo aporte de rochas com maior valor agregado.


Preços Médios


Sempre se observou uma inequívoca tendência de “comoditização” do preço médio de blocos e chapas de cada rocha, responsável pelo encurtamento de sua vida útil no mercado interno e, sobretudo, no externo. Na verdade, quando se vende blocos e chapas está se vendendo a própria rocha e não um produto verdadeiramente manufaturado, com diferenciação e maior valor agregado, capaz de resistir à tendência de desvalorização.

Em 2023, o setor de rochas vivenciou alguns efeitos emblemáticos dessa comoditização: a paralisação de dezenas de frentes de lavra, especialmente no estado do Espírito Santo, basicamente provocada pela perda de economicidade de vários materiais comuns ou de batalha; o aumento da participação de rochas exóticas e quartzitos no total das exportações, porém com redução do seu faturamento (-5%), de seu volume físico (-3%) e de seu preço médio (-2%); e a queda de 0,3% no preço médio geral das exportações, contra o incremento de 10% registrado em 2022 frente a 2021.

O mercado de rochas exóticas é quantitativamente mais restrito que o dos granitos convencionais, já determinando certa ociosidade do parque de serragem brasileiro. Este processo resultou em uma queda expressiva das exportações brasileiras de chapas, que passaram de 22,8 Mm2 equivalentes (2 cm de espessura) em 2021, para 21,1 Mm2 em 2022 e 16,6 Mm2 em 2023.

Destaca-se que a revitalização econômica da atividade mínero-industrial dos granitos mais convencionais, por exemplo da região noroeste do Espírito Santo, poderia ser buscada pela exportação de produtos acabados.



Principais Destinos


Os dez principais destinos das exportações brasileiras de rochas em 2023 incluíram, nesta ordem e em faturamento, EUA, China, Itália, México, Reino Unido, Espanha, Canadá, Argentina, Austrália e Alemanha. O preço médio dos produtos exportados variou de US$ 260/t para a China, com blocos, até US$ 2.170/t para a Austrália, com chapas.

O volume físico exportado para os EUA e China foi rigorosamente equivalente (650 mil t cada), mas o faturamento com os EUA (US$ 608,4 milhões), pela venda de chapas, foi 3,6 vezes superior àquele com a China (US$ 170,9 milhões), pela venda de blocos. O faturamento das vendas para os EUA representou 54,7% do total das exportações brasileiras, caracterizando o índice mais baixo da série histórica, com queda de US$ 141 milhões frente aos US$ 749,4 milhões apurados em 2022; em volume físico este recuo foi de 183 mil t.


No 8º posto, a Argentina foi o único país da América do Sul a integrar o ranking das exportações, tendo gerado um faturamento de apenas US$ 10,5 milhões em 2023. O Brasil tem presença ainda bastante tímida na América Latina, atualmente dominada pela China, mas que deveria constituir um dos focos prioritários para promoção de nossas exportações, a partir de offshore trading. Destaca-se, nesse sentido, a ascensão do México, já o nosso 4º maior comprador, justamente devido ao “nearshore trading” deste país com os EUA, com rochas brasileiras.



Principais Estados Exportadores


As exportações brasileiras estão fortemente concentradas no estado do Espírito Santo, onde se destaca o beneficiamento da produção de rochas oriundas de outros estados, principalmente Bahia e Minas Gerais. Em 2023 as exportações capixabas somaram US$ 914,7 milhões, compondo 82,2% do total brasileiro. O faturamento dos demais estados exportadores é muito reduzido frente ao do Espírito Santo, destacando-se, com mais de US$ 100 milhões, apenas o estado de Minas Gerais (US$ 112,3 milhões).

Frente a 2022, as exportações do Espírito Santo sofreram uma redução de US$ 135 milhões, espelhando a perda de economicidade dos granitos homogêneos e a queda de suas exportações de chapas. A maior participação de quartzitos maciços, mármores e rochas silicáticas exóticas, nas exportações brasileiras e capixabas, não foi suficiente para compensar o recuo das chapas de granitos comuns.

As feiras do setor têm permitido registrar a predominância de chapas de rochas exóticas entre os materiais ofertados pelas empresas, o que acirrará tanto a “canibalização” das rochas comuns, quanto a comoditização das rochas exóticas, inclusive e principalmente de quartzitos maciços. Conforme já referido, a única forma vislumbrada para preservação comercial das rochas mais comuns é a sua exportação como produtos acabados, exatamente no mesmo modelo de atuação dos chineses, com essas rochas brasileiras, tanto em seu mercado doméstico quanto no mercado externo. Esta possibilidade permitiria, inclusive, o aproveitamento de blocos menores, com melhoria de recuperação das pedreiras e ganhos ambientais hoje tão importantes para o setor de rochas.



Principais Portos de Embarque


O embarque das exportações brasileiras de rochas ornamentais e de revestimento está concentrado, nesta ordem, nos portos do Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES e Santos/SP. A partir do volume físico e valor embarcados, bem como do preço médio dos produtos exportados (US$ 900/t no Rio de Janeiro, US$ 680/t em Santos, US$ 270/t em Vitória), verifica-se que a partir de Vitória movimenta-se blocos, tendo-se cargas conteinerizadas (chapas) transportadas por cabotagem de Vitória para Santos e Rio de Janeiro, encarecendo os custos totais do transporte marítimo. Tal situação reflete a inexistência de instalações portuárias adequadas para as exportações do setor de rochas ornamentais e de revestimento no Espírito Santo, o que prejudica a competitividade das empresas exportadoras capixabas.



Sazonalidade Mensal das Exportações


Em 2023, o mês com menor volume e valor de embarque foi fevereiro (US$ 43,3 milhões e 81,4 mil t), enquanto o pico ocorreu em junho (US$ 121,7 milhões e 211,5 mil t). Usualmente o período de maior movimentação vai de abril a setembro, em função do verão no hemisfério norte.

Destaca-se o forte recuo das exportações do 4º trimestre de 2022, que já sinalizava a queda geral de 2023. Refere-se ainda que, de maio a dezembro de 2021 todas as exportações mensais superaram US$ 100 milhões, atingindo US$ 150 milhões em outubro.



Importações


As importações de materiais naturais efetuadas em 2023 (US$ 30 milhões e 59,6 mil t) foram equivalentes às de 2022 (US$ 29,6 milhões e 59,3 mil t), com variação positiva de apenas 1,2% em valor e 0,6% em volume físico. Os principais códigos fiscais grafados foram, nesta ordem, 2515.12.20, 6802.91.00, 6802.21.00 e 6802.29.00. O preço médio dos produtos importados teve incremento de 0,62% frente a 2022, atingindo US$ 502,9/t. Com mais de 1.000 t, os principais fornecedores incluíram, nesta ordem, Turquia, México, Espanha, Itália, Indonésia, China, Egito, Índia, Portugal e Grécia. Os principais estados importadores, com mais de 3.000 t cada em 2023, foram Rondônia, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Espírito Santo.


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